Microsoft denuncia Motorola para evitar “morte dos vídeos na Web”

Até os dias de hoje, muita gente vê a Microsoft como uma empresa “diabólica”, mas o fato é que, no mundo dos negócios, não existe companhias formadas só por “anjos” ou só por “demônios”. O que existe é uma necessidade imensa de dominar o mercado. As consequências são decisões que acabam inclusive parando nos tribunais, como o recente episódio envolvendo a Microsoft e uma das mais caras aquisições do Google, a Motorola.

A companhia criada por Bill apresentou uma denúncia contra a Motorola Mobility na Comissão Europeia alegando que esta última está tentando prejudicar as vendas de computadores com Windows, consoles Xbox e outros produtos. Como? Supostamente abusando das patentes que possui.

O que acontece é que a Motorola é dona de patentes dos mais variados tipos (foi por isso que o Google decidiu adquirí-la), entre elas, algumas de extrema importância relacionadas ao uso do padrão de vídeo H.264 em transmissões sem fio, que talvez você nunca tenha ouvido falar, mas certamente já utilizou ao visualizar conteúdo da Web via streaming. A Microsoft acusa a Motorola de cobrar muito caro por estas patentes.

Como exemplo, a companhia explica que um laptop com Windows que vale mil dólares requer pagamento pelas patentes em questão de 22,50 dólares. O problema é que, além destas, o equipamento conta ainda com cerca de 2.300 patentes obrigatórias relacionadas ao H.264 que pertencem a outras empresas. Sabe quanto é necessário pagar por todas elas? Dois centavos de dólar.

Este valor extremamente reduzido existe porque estas patentes são do tipo FRAND (Fair, Reasonable and Non-Discriminatory Terms), ou seja, fazem parte de um acordo amplo que facilita sua disponibilidade por serem essenciais ao mercado. O problema é que, na visão da Microsoft, a Motorola não está cumprindo a sua parte ao cobrar valores tão elevados.

Se esta situação se mantiver, a Microsoft teme se ver obrigada a encarecer seus produtos e, como consequência, ver seu volume de vendas cair. Se, por outro lado, optar por não usar as patentes, seus produtos serão “mutilados”. Estes são efeitos que podem ser sentidos por todo o mercado, razão pela qual a manifestação da Microsoft tem um título exageradamente dramático: “Google, não mate o vídeo na Web”.

É um assunto complexo e que, portanto, renderá vários capítulos, mesmo porque não sabe até ponto a denúncia é uma forma de defesa ou um meio bem elaborado de “enfraquecer” a concorrência. De qualquer forma, a Microsoft conta com um aliado de peso nesta disputa: recentemente, a Apple fez o mesmo tipo de queixa à Comissão Europeia contra a Motorola, com a diferença de tratar abertamente do assunto.

Referências: Microsoft on the Issues, Ubergizmo.

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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