USB4 (ou USB 4): velocidade, conector e suporte ao Thunderbolt
Introdução
O USB4 (também chamado informalmente de USB 4 ou USB 4.0) foi anunciado pouco tempo depois de o USB 3.2 ter se tornado oficial. Há um bom motivo para esse intervalo tão curto: de certa forma, a nova versão do USB (Universal Serial Bus) tem como base o padrão Thunderbolt 3.
Mas, como é a relação entre essas duas tecnologias? Qual a velocidade do USB4? O USB 4 funciona com o conector USB-C? E como o DisplayPort entra nessa história? Continue aí: você vai saber tudo sobre o assunto nas próximas linhas.
Se preferir, vá direto ao tópico do seu interesse:
- O que é USB4?
- Velocidades do USB4
- USB4 e Thunderbolt
- USB4: USB-PD e otimização de fluxo
- USB4 e DisplayPort Alt Mode 2.0
O que é USB4?
O USB4 é um padrão para interconexão de dispositivos eletrônicos que traz várias vantagens em relação às versões anteriores do USB. Entre elas estão mais velocidade (até 40 Gb/s), compatibilidade com o Thunderbolt e otimização do fluxo de dados quando há transmissões de vídeo.
As especificações do USB4 foram anunciadas em março de 2019 pelo USB Implementers Forum (USB-IF) — grupo responsável pelas definições técnicas da tecnologia —, com previsão de lançamento dos primeiros dispositivos compatíveis para o final de 2020.
Conector USB-C (Imagem por Intel)
Toda nova versão do USB traz retrocompatibilidade, ou seja, funciona com versões anteriores da tecnologia. Com o USB4 não é diferente. É possível usar uma conexão do tipo com dispositivos USB 3.0, por exemplo.
Por sua vez, o padrão de conexão é o já conhecido USB-C, que tem entre as suas vantagens o tamanho compacto e o formato reversível: um conector USB-C pode ser encaixado de qualquer lado.
Velocidades do USB4
Um dos principais atrativos do USB4 é a sua velocidade de transferência de dados. De acordo com o USB-IF, a tecnologia pode alcançar até 40 Gb/s (gigabits por segundo) de maneira bidirecional (um dispositivo pode enviar dados a 40 Gb/s e, ao mesmo tempo, receber um fluxo também com até 40 Gb/s). Para você ter ideia, o USB 3.2, a versão mais rápida até então, atinge até 20 Gb/s.
Essa altíssima velocidade pode ser útil, por exemplo, para transferir dados de um SSD portátil para um computador e vice-versa. Mas talvez não seja útil para uma impressora ou um mouse, por exemplo.
É por isso que dispositivos USB4 também trabalhar com velocidades menores. O USB-IF definiu três taxas como padrão para a tecnologia: 10 Gb/s, 20 Gb/s e, como você já sabe, 40 Gb/s.
USB4 e Thunderbolt
O Thunderbolt é um padrão de comunicação entre dispositivos que tem o seu desenvolvimento liderado pela Intel. Em 2015, quando o Thunderbolt 3 foi apresentado, a companhia destacou duas grandes vantagens da então nova versão: velocidade de até 40 Gb/s e, em vez de um conector próprio, uso do USB-C como padrão de conexão.
Apesar de suas vantagens, o Thunderbolt 3 nunca foi tão popular quanto o USB por conta principalmente dos seus custos elevados de implementação. Por esse motivo, a Intel prometeu, em 2017, tornar o Thunderbolt 3 livre de royalties, o que significa que fabricantes não precisam mais pagar uma espécie de licença para implementar a tecnologia em seus produtos.
Thunderbolt 3 com USB-C (Imagem por Intel)
Essa decisão abriu caminho para o USB4. Veja bem: o Thunderbolt 3 é bastante rápido com seus 40 Gb/s, usa conector USB-C e sua adoção se tornou menos custosa; em vez de "reinventar a roda" com uma tecnologia feita do zero, por que não aproveitar essas características para criar uma versão melhorada do USB?
Basicamente, a proposta do USB4 é essa: combinar características técnicas do Thunderbolt 3 com certos atributos do USB 3.2 (relembrando, a versão mais atual do USB até então), como a codificação 128b/132b, que indica que cada grupo de 128 bits é codificado em sinal de 132 bits nas transferências.
Mas cabe uma ressalva aqui: a despeito dessa mistura de tecnologias, por assim dizer, equipamentos com USB4 não precisam, necessariamente, ser compatíveis com dispositivos baseados em Thunderbolt 3. O uso do USB4 e do Thunderbolt 3 na mesma porta é possível, mas não obrigatório.
No fim das contas, a decisão cabe ao fabricante. Mas, como as condições técnicas são favoráveis, há boas chances de que a maioria das empresas opte por implementar portas USB4 compatíveis com Thunderbolt, o que deve inclusive ajudar esta última tecnologia a ter mais penetração no mercado.
USB4: USB-PD e otimização de fluxo
Entre os recursos que o USB4 herda do USB 3.2 (e do USB 3.1) está o USB Power Delivery (USB-PD). Trata-se de uma especificação que permite que, além de transmissão de dados, a porta USB seja usada para fornecer energia elétrica ao dispositivo conectado a ela.
As primeiras versões do USB também fornecem energia, mas para dispositivos que não consomem muito. Com o USB-PD, a conexão USB4 pode alimentar equipamentos mais exigentes, como um monitor de vídeo. Isso porque, por padrão, o USB-PD trabalha com 100 watts.
O USB-PD também é otimizado para diminuir o desperdício de energia e permitir fluxo nos dois sentidos. Assim, a conexão USB pode ser usada para um notebook alimentar um smartphone, por exemplo; dependendo das circunstâncias, esse mesmo celular pode fazer o inverso, isto é, passar parte da carga da sua bateria para o laptop.
USB convencional ao lado de uma porta USB-C com Thunderbolt
Outra característica que vale destacar é a otimização da largura de banda da conexão USB4 para transmissão de conteúdo em vídeo, o que deve ser útil para streaming em resolução 4K, por exemplo.
Para facilitar a compreensão, suponha que você tenha um monitor com portas USB. Você utiliza uma dessas portas para transferir dados do seu computador para um SSD externo enquanto assiste a um vídeo na Netflix.
Agora, imagine que o streaming de vídeo está utilizando 15% da capacidade de transferência de dados da conexão USB. O USB4 consegue então garantir os 15% para o streaming de forma a evitar gargalos e dedicar os 85% restantes para o envio de dados ao SSD; se o vídeo precisar de mais largura de banda, o reajuste é feito de maneira que nenhuma das duas atividades seja prejudicada.
Nas versões anteriores da tecnologia, essa distribuição de recursos conforme a demanda não é tão dinâmica assim.
USB4 e DisplayPort Alt Mode 2.0
O USB4 vem para ser compatível com outro padrão: o DisplayPort 2.0, que é usado para conectar computadores e outros dispositivos a monitores de vídeo profissionais ou TVs avançadas, por exemplo.
Isso significa que, nos aparelhos compatíveis (como um notebook), pode-se transmitir áudio e vídeo de alta definição a partir de uma conexão USB4: o cabo e os conectores são USB, mas a tecnologia por trás da transmissão do conteúdo é o DisplayPort 2.0.
A explicação está no DisplayPort Alt Mode 2.0: anunciado em abril de 2020 pela Video Electronics Standards Association (VESA), esse é o modo que torna ambas as tecnologias compatíveis entre si.
Talvez você esteja se perguntando como isso é possível, afinal, o USB4 lida com até 40 Gb/s enquanto o DisplayPort 2.0 trabalha com até 80 Gb/s.
Não é difícil entender. Como você já sabe, o USB4 é bidirecional, ou seja, trabalha como uma "rodovia de mão dupla", permitindo que até 40 Gb/s sejam enviados e outros 40 Gb/s sejam recebidos ao mesmo tempo. Já o DisplayPort 2.0 remapeia os pinos da conexão USB-C para fazer essa "rodovia de mão dupla" seguir apenas em uma direção. Com isso, tem-se então a capacidade de até 80 Gb/s de transmissão (40 Gb/s + 40 Gb/s).
Conclusão
O USB4 traz numerosas vantagens, mas a que tem potencial de ser uma das mais importantes não foi mencionada: essa versão foi desenvolvida para ser tão abrangente que poderá se tornar um padrão amplo em toda indústria, de forma a diminuir a "bagunça" de tecnologias de conexão que temos hoje.
Mas isso não é imediato: nenhuma tecnologia vira padrão industrial e comercial da noite para o dia, por isso, as versões anteriores do USB coexistirão com o USB4 por um bom tempo.
Para finalizar, a resposta para uma pergunta que talvez você tenha feito: por que USB4 (tudo junto) em vez de USB 4 ou USB 4.0? Marketing, meramente. O USB-IF dá a entender que essa simplificação no nome faz a numeração chamar menos atenção e, portanto, facilita a assimilação da tecnologia.
De todo modo, o nome pode sofrer mudanças, assim como denominações comerciais podem ser criadas quando o USB4 chegar ao mercado.
Publicado em 17_06_2019. Atualizado em Publicado em 29_06_2020.
Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre a área desde 2001.
É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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