PlayStation 3: quando mais é menos

Programar para o PlayStation 3 (PS3) é difícil. É o que disse Shaun Himmerick, produtor do jogo Wheelman, da (quase falida) Midway. A afirmação foi dada no episódio 27 do podcast This Xbox Life, quando Himmerick fala da dificuldade de desenvolver jogos para o PlayStation 3 em comparação a outras plataformas.

“A resposta politicamente incorreta é que o PS3 é uma ‘grande dor de cabeça’* (para os desenvolvedores)”. Shaun Himmerick.

*Na realidade, ele usou uma expressão muito mais pesada…

A queixa, na verdade, não é novidade. Vários desenvolvedores já criticaram a dificuldade de programar jogos para o PS3, em especial Gabe Newell, da Valve (produtora da franquia Half-Life), que teria dito até que o console da Sony é um “verdadeiro desastre”.

PlayStation 3De acordo com a CNET News, diante das críticas, Kaz Hirai, executivo que comanda a divisão de entretenimento da Sony, rebateu as manifestações negativas dizendo que sua empresa não fornece a desejada “facilidade de programar para o PS3” porque, com isso, ninguém conseguirá explorar todo o potencial do hardware do console.

Mas isso não é o pior: o PS3 foi planejado para ter um tempo de mercado estimado em 10 anos. Fazendo alusão a isso, Hirai completou sua resposta com a seguinte questão: “se for mais fácil programar para o PS3, o que os desenvolvedores farão nos 9,5 anos restantes?”

Não dá para ser mais arrogante, não? Oras, se desenvolver jogos para uma determinada plataforma é mais difícil do que para outras, é de se esperar que as “mais fáceis” sejam prioridade, mesmo porque o nível de complexidade de programação pode resultar em custos maiores – um pecado nesta época de crise. Além disso, os consoles concorrentes atuais – Nintendo Wii e Microsoft Xbox 360 – estão tendo vendas muito boas, o que significa que os jogos disponibilizados para essas plataformas estarão disponíveis a um número maior de pessoas.

E tem mais: se os desenvolvedores têm dificuldade maior para programar para o PS3, a consequência será a de que muitos jogos para a plataforma não explorarão todo o potencial do console, uma vez que tal façanha certamente exige um tempo maior de desenvolvimento. Já dizia o velho ditado: “tempo é dinheiro”…

O resultado final é esse: na teoria, o PlayStation 3 pode oferecer muito mais, mas na prática, oferece menos. E isso é simplesmente um banho de água fria em quem topa desembolsar mais dinheiro para ter um PS3 (o console é o mais caro do mercado) na expectativa de ser compensado com jogos que façam jus à plataforma…

Referência: CNET News.

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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