O que é Cloud Computing (Computação nas Nuvens)?

Introdução

A expressão cloud computing começou a ganhar força em 2008, mas, conceitualmente, as ideias por trás da denominação existem há mais tempo. Também conhecida como computação nas nuvens ou computação em nuvem, a cloud computing se refere à proposta de utilizarmos, em qualquer lugar e independentemente de plataforma, as mais variadas aplicações por meio da internet com a mesma facilidade de tê-las instaladas em dispositivos locais.

Mas o que exatamente isso quer dizer? Por que a computação nas nuvens é tão importante? Quais as suas vantagens? Há cuidados a serem tomados? Com linguagem de fácil compreensão, este texto responde a essas e outras perguntas sobre o assunto.

Links diretos:

- Conceito de cloud computing
- Vantagens da cloud computing
- SaaS (Software as a Service)
- Outras aplicações: PaaS, DaaS, IaaS e TaaS
- PaaS (Platform as a Service)
- DaaS ou DBaaS (Database as a Service)
- IaaS (Infrastructure as a Service)
- TaaS (Testing as a Service)
- Exemplos de computação nas nuvens
- Amazon Web Services (AWS)
- Netflix
- Evernote
- Adobe Creative Cloud
- Nuvem privada (private cloud)
- Nuvem pública (public cloud)
- Nuvem híbrida (hybrid cloud)
- Cloud gaming
- Cuidados na computação nas nuvens
- Breve história da cloud computing
- Por que uma nuvem?

Conceito de cloud computing

Cloud computing
Cloud computing (imagem: Needpix.com)

A cloud computing — ou computação nas nuvens — pode ser definida como a disponibilização de serviços computacionais dos mais variados tipos a partir da internet.

Sistemas específicos para esse fim se encarregam de executar o serviço como se este estivesse instalado no computador do usuário, quando, na verdade, estão baseados em datacenters ou servidores de grande capacidade de processamento ou armazenamento.

De fato, estamos habituados a armazenar arquivos e dados dos mais variados tipos e a utilizar aplicações de maneira on premise, isto é, instaladas em nossos próprios computadores ou dispositivos. Em ambientes corporativos, esse cenário muda um pouco: empresas de todos os portes disponibilizam serviços e sistemas em servidores internos para acesso a partir de terminais remotos autorizados.

A principal vantagem do on premise está no fato de ser possível, pelo menos em boa parte das vezes, executar determinadas aplicações mesmo que não exista acesso à internet ou à rede local. Em outras palavras, é possível usufruir de recursos de modo offline.

Por outro lado, no modelo on premise, todos os dados gerados ficam restritos a um único equipamento, exceto quando há compartilhamento em rede, coisa que não é muito comum no ambiente doméstico. Mesmo no ambiente corporativo, essa prática pode ser barrada por algumas limitações, como a necessidade de se ter uma licença de determinado software para cada computador.

A evolução constante da computação e das telecomunicações torna o acesso à internet cada vez mais rápido e disseminado. Esse cenário cria as condições perfeitas para a popularização da computação em nuvem.

Com a cloud computing, muitos aplicativos, assim como arquivos e outros dados relacionados, não precisam mais estar instalados ou armazenados no computador do usuário ou em um servidor disponível na mesma rede. Esse conteúdo passa a ficar disponível nas nuvens, isto é, na internet.

Ao fornecedor cabe tarefas como desenvolvimento, armazenamento, manutenção, atualização, segurança, backup e escalonamento da aplicação. O usuário não precisa se preocupar com nenhum desses aspectos, apenas em acessar e utilizar.

Um exemplo prático dessa realidade é o Microsoft 365 (outrora, Office), serviço que dá acesso às versões online do Word, Excel, PowerPoint, OneNote e outras ferramentas. Tudo o que o usuário precisa fazer para usá-las é criar uma conta e acessá-la por meio de um navegador de internet compatível, como Google Chrome, Mozilla Firefox e Microsoft Edge (não é necessário instalar nenhum software no computador).

Word do Microsoft 365 (Office)
Word do Microsoft 365 (Office)

Vantagens da cloud computing

Como você já sabe, uma das vantagens da cloud computing é o acesso a aplicações dos mais diversos tipos a partir da internet, sem que estas estejam instaladas em computadores ou dispositivos locais. Mas há outros benefícios significativos, como estes:

- Multiplataforma: frequentemente, o usuário pode acessar as aplicações independentemente de sistema operacional ou equipamento (celular, tablet, notebook e por aí vai), a qualquer momento;

- Comodidade: o usuário não precisa se preocupar com a infraestrutura para executar a aplicação (hardware, procedimentos de backup, controle de segurança, manutenção, entre outros) ou com problemas de compatibilidade entre hardware e software, por exemplo;

- Trabalho colaborativo: o compartilhamento de informações e o trabalho em equipe se tornam mais fáceis, pois todos os usuários acessam as mesmas aplicações;

- Alta disponibilidade: dependendo do fornecedor, o usuário pode contar com garantia de alta disponibilidade — se um servidor parar de funcionar, por exemplo, os demais que fazem parte da estrutura do serviço mantêm a operação;

- Controle de gastos: muitas aplicações em cloud computing são gratuitas e, quando é necessário pagar, o usuário só o faz sobre os recursos que usar ou sobre o tempo de utilização. Ao contrário do modelo tradicional de fornecimento de software, não é necessário pagar por uma licença de uso integral, por exemplo;

- Atualizações regulares: o fornecedor do serviço nas nuvens se encarrega de aperfeiçoar, corrigir falhas e aumentar o desempenho da aplicação, sempre que necessário;

- Armazenamento ilimitado ou generoso de dados: não é necessário guardar arquivos em cartões SD, HDs externos ou em seu próprio computador; muitos serviços nas nuvens oferecem capacidade de armazenamento de dados ilimitada ou generosa.

Note que, independentemente da aplicação, com a computação nas nuvens o usuário não precisa conhecer a estrutura existente nos bastidores, quantos servidores executam determinada tarefa, quais as configurações de hardware utilizadas, como o escalonamento é feito, onde está a localização física do datacenter, enfim. O que importa, essencialmente, é saber como acessar a aplicação.

SaaS (Software as a Service)

Intimamente ligado à cloud computing está o conceito de Software as a Service (SaaS) ou, em bom português, Software como Serviço. Trata-se de uma forma de trabalho em que o software é oferecido como serviço, assim, o usuário não precisa adquirir licenças de instalação ou computadores específicos (como servidores) para executá-lo.

Normalmente, paga-se, nessa modalidade, um valor periódico — uma espécie de assinatura que pode ser mensal ou anual — ou um montante correspondente aos recursos usados dentro de um intervalo de tempo.

Cloud computing - computação nas nuvens Para entender melhor os benefícios do SaaS, suponha que uma pequena empresa necessite de um sistema de ERP. Há várias soluções para isso no mercado, no entanto, a empresa terá que comprar licenças de uso do software escolhido e, dependendo do caso, até mesmo um servidor para executá-lo.

Muitas vezes, o preço da licença ou dos equipamentos associados pode resultar em custo alto e incompatível com a condição de porte pequeno da empresa.

Se, por outro lado, a empresa encontrar um fornecedor de ERP que trabalhe com o modelo SaaS, a situação fica mais fácil: esse fornecedor poderá oferecer o serviço por meio das nuvens e cobrar apenas pelo número de funcionários e/ou tempo de uso.

Com isso, a empresa obtém o serviço por um valor que se encaixa em seus limites orçamentários. Além disso, tarefas ligadas a hardware, instalação, atualização, manutenção, entre outros, acabam ficando por conta do fornecedor.

Outras aplicações: PaaS, DaaS, IaaS e TaaS

A computação nas nuvens também traz conceitos derivados do SaaS que são oferecidos ou utilizados por algumas companhias para diferenciar ainda mais determinadas categorias de serviços. Os principais são estes: PaaS, DaaS, IaaS e TaaS. Vamos conhecer cada um deles rapidamente.

PaaS (Platform as a Service)

A modalidade Platform as a Service (Plataforma como Serviço) diz respeito a um tipo de solução que disponibiliza um conjunto amplo de recursos para desenvolvimento, teste, implementação, execução e atualização de diferentes tipos de sistemas.

Entre os recursos oferecidos pelo PaaS estão espaço para armazenamento de arquivos, banco de dados, backup, escalabilidade (aumento da capacidade de armazenamento ou processamento de acordo com a demanda), suporte a diversas linguagens de programação, mecanismos de segurança, ferramentas de monitoramento, trabalho colaborativo de equipes e assim por diante.

DaaS ou DBaaS (Database as a Service)

O Database as a Service (Banco de Dados como Serviço) pode ser identificado pelas siglas DaaS e DBaaS. Como a denominação sugere, a modalidade é direcionada ao fornecimento de serviços para armazenamento e acesso a bases de dados.

A vantagem aqui é que o contratante conta com mais flexibilidade para expandir o banco de dados em uma situação de aumento repentino de demanda, compartilhar informações com outros sistemas e facilitar o acesso remoto por usuários específicos, por exemplo.

Além disso, a infraestrutura necessária para a execução do banco de dados fica a cargo do provedor da solução de DaaS. O mesmo vale para tarefas de instalação, manutenção e segurança do sistema gerenciador do banco de dados.

IaaS (Infrastructure as a Service)

O modelo Infrastructure as a Service (Infraestrutura como Serviço) lembra a modalidade PaaS, mas o foco aqui está no fornecimento de uma grande diversidade de recursos para viabilizar a implementação de um serviço nas nuvens.

Dentro do conceito de IaaS, o provedor pode oferecer processamento (servidores), memória, armazenamento (datacenters), banco de dados, máquinas virtuais, recursos de telecomunicações (como roteadores), entre outros.

TaaS (Testing as a Service)

A modalidade Testing as a Service (Teste como Serviço) disponibiliza um ambiente apropriado para que o desenvolvedor teste futuras aplicações ou soluções de maneira remota, simulando o comportamento que estas teriam em condições reais de execução.

O TaaS pode incluir ferramentas para testes automatizados, avaliação de desempenho, checagem de segurança, validação de compatibilidade e assim por diante.

Uma das principais vantagens desse modelo é que o desenvolvedor tem acesso a uma ampla variedade de recursos, mas, seguindo as premissas da computação nas nuvens, só pagará por aquilo que efetivamente usar.

Exemplos de computação nas nuvens

Os termos cloud computing e computação nas nuvens ganharam força na década de 2010, mas, se analisarmos bem, veremos que o conceito surgiu muito antes.

Serviços de e-mail, como Gmail e Yahoo! Mail; plataformas para armazenamento e compartilhamento online de arquivos, como Dropbox e OneDrive (anteriormente chamado de SkyDrive); sites especializados em fotos ou vídeos, como Flickr e YouTube. Todos são exemplos de produtos que estão há bastante tempo no mercado, mas se encaixam na definição de computação nas nuvens.

Note que todos os mencionados serviços não são executados no computador do usuário, mas este pode acessá-los a partir de qualquer lugar, via PC ou smartphone, por exemplo.

Repare também que esses serviços são populares e oferecem contas gratuitas. Via de regra, é necessário pagar um valor periódico apenas pela contratação de recursos adicionais, como maior capacidade de armazenamento de dados.

A seguir, você confere outros exemplos de serviços que incorporam o conceito de cloud computing:

Amazon Web Services (AWS)

A Amazon é uma das maiores companhias de comércio eletrônico do mundo. Para suportar o volume de vendas no período de Natal, a empresa montou uma gigantesca estrutura de processamento e armazenamento de dados que acabava ficando ociosa no restante do ano.

Foi a partir daí que a companhia teve a ideia de "alugar" esses recursos, o que resultou na criação da Amazon Web Services (AWS). Essa divisão conta com serviços como Simple Storage Solution (S3) para armazenamento de dados e Elastic Compute Cloud (EC2) para uso de máquinas virtuais.

Hoje, os recursos da Amazon são utilizados por empresas de todos os portes e segmentos. Não por acaso, a AWS é considerada uma das maiores e mais importantes plataformas de computação nas nuvens do mundo.

Netflix

A Netflix é uma das maiores plataformas de streaming de filmes e séries do mundo. Se hoje esse tipo de serviço é bastante conhecido, é porque a Netflix ajudou a popularizar o conceito.

Os vídeos do serviço podem ser reproduzidos em computadores, smart TVs, smartphones e tablets, em diferentes resoluções de tela. Pode-se também assistir a cada item do acervo ilimitadamente e continuar uma reprodução interrompida em outro dispositivo.

Evernote

Popular entre usuários que buscam produtividade, o Evernote é um serviço nas nuvens para criação e armazenamento de notas que funciona como um abrangente banco de dados. Inclui ferramentas para compartilhamento, edição, organização e localização de informações. Há opções de contas gratuitas e pagas.

Evernote no Android
Evernote no Android

Adobe Creative Cloud

O Adobe Creative Cloud é um pacote de serviços que disponibiliza ferramentas para designers, ilustradores e outros profissionais das áreas de criação. Mas, aqui, a abordagem não é 100% nas nuvens: a maior parte das ferramentas, como Photoshop, Illustrator e Premiere Pro, precisam ser instaladas no computador do usuário.

Vários recursos, porém, são disponibilizados nas nuvens para permitir que o usuário tenha acesso a ferramentas complementares ou possa executar seu trabalho remotamente, por exemplo.

O Adobe Creative Cloud é composto por várias opções de planos, todos pagos.

Nuvem privada (private cloud)

Até agora, tratamos a computação nas nuvens como um sistema dividido em duas partes: o provedor da solução e o utilizador, que pode ser uma pessoa, uma empresa ou uma organização qualquer. Podemos entender esse modelo como um esquema de nuvem pública. No entanto, especialmente no segmento corporativo, é possível também o uso do que se conhece como nuvem privada (private cloud).

Do ponto de vista do usuário, a nuvem privada oferece praticamente os mesmos benefícios da nuvem pública. A diferença está, essencialmente, nos "bastidores": os equipamentos e sistemas utilizados para constituir a nuvem ficam dentro da infraestrutura da própria organização.

Em outras palavras, a empresa faz uso de uma nuvem particular, construída e mantida dentro de seus domínios. Mas o conceito vai além: a nuvem privada também considera a cultura corporativa, de modo a respeitar políticas internas, metas e outros aspectos inerentes às atividades da companhia.

A necessidade de segurança e privacidade é um dos motivos que levam uma organização a adotar a nuvem privada. Em serviços de terceiros, cláusulas contratuais e sistemas de proteção são os recursos oferecidos para evitar acesso não autorizado ou compartilhamento indevido de dados, por exemplo.

Mesmo assim, uma empresa pode ter dados tão críticos que permitir que outra companhia responda pela proteção e disponibilização de suas informações acaba não sendo uma opção. Ou, então, a proteção oferecida pode simplesmente não ser suficiente. Em situações como essas é que o uso de uma nuvem privada faz sentido.

Uma private cloud também pode oferecer a vantagem de ser "moldada" com precisão às necessidades da companhia, especialmente em negócios de grande porte. Isso porque o acesso à nuvem pode ser mais bem controlado, assim como a disponibilização de recursos pode ser direcionada de modo mais eficiente, aspecto capaz de impactar positivamente a rotina corporativa.

Empresas como Microsoft, IBM e HP oferecem soluções para nuvens privadas. As organizações interessadas devem, todavia, contar com profissionais ou mesmo consultoria especializada na criação e manutenção da nuvem, afinal, uma implementação mal executada pode interferir no negócio.

Os custos de equipamentos, sistemas e profissionais da nuvem privada poderão ser elevados no início. Por outro lado, os benefícios obtidos no médio ou longo prazo, como ampla disponibilidade, agilidade de processos e os já mencionados aspectos de segurança compensarão os gastos, especialmente se a implementação for otimizada com virtualização, padronização de serviços e afins.

Nuvem pública (public cloud)

Como o tópico anterior deixa implícito, a chamada nuvem pública (public cloud) é o modelo mais conhecido por ser baseado na oferta de um serviço ou de uma infraestrutura por parte de uma empresa especializada em alguma modalidade de computação nas nuvens.

Via de regra, esse é o modelo mais barato, pois os custos operacionais são diluídos entre os diversos clientes atendidos pelo fornecedor.

Os recursos podem ser totalmente contratados e gerenciados via plataformas online. Normalmente, o acesso é feito somente pela internet, sem necessidade de instalação de uma infraestrutura dedicada a esse fim. O cliente pode ter que instalar um software para acesso ao serviço em algum dispositivo, mas não costuma ir além disso.

Serviços de e-mail, streaming de vídeo e armazenamento de dados online são exemplos de nuvens públicas.

Nuvem híbrida (hybrid cloud)

Para a flexibilização de operações e até mesmo para maior controle sobre os custos, as organizações podem optar pela adoção de nuvens híbridas (hybrid cloud). Nelas, determinadas aplicações são direcionadas às nuvens públicas, enquanto outras, normalmente mais críticas, permanecem sob o guarda-chuva da nuvem privada. Pode haver também recursos que funcionam em sistemas locais (on premise), complementando o que está nas nuvens.

Perceba que nuvens públicas e privadas não são modelos incompatíveis entre si. Não é preciso abrir mão de um tipo para usufruir do outro. Pode-se aproveitar o "melhor dos dois mundos", razão pela qual as nuvens híbridas são uma tendência muito forte nas corporações.

A implementação de uma nuvem híbrida pode ser feita tanto para atender a uma demanda contínua quanto para dar conta de uma necessidade temporária. Por exemplo, uma instituição financeira pode integrar à sua nuvem privada um serviço público capaz de atender a uma nova exigência tributária. Ou, então, uma rede de lojas pode adotar uma solução híbrida por um curto período para dar conta do aumento das vendas em uma época festiva.

É claro que a eficácia de uma nuvem híbrida depende da qualidade de sua implementação. É necessário considerar aspectos de segurança, monitoramento, comunicação, treinamento, entre outros.

Esse planejamento é importante para avaliar inclusive se a solução híbrida vale a pena. Quando o tempo necessário para a implementação é muito grande ou quando há grandes volumes de dados a serem transferidos para recursos públicos, por exemplo, seu uso pode não ser viável.

Cloud gaming

Eis um exemplo notável do quão abrangente a computação nas nuvens pode ser. O cloud gaming — às vezes chamado de Games as a Service (GaaS) — é uma modalidade que permite ao usuário ter acesso a jogos eletrônicos sem necessidade de um equipamento específico para isso. Nela, o processamento do game é feito nas nuvens e transmitido ao jogador pela internet.

No conceito tradicional, você deve instalar o jogo em seu computador, smartphone ou tablet para usufruir dele. Ou, então, você deve rodar o game a partir de seu console (videogame) preferido (Xbox, Nintendo, PlayStation, entre outros).

Esses equipamentos precisam ter um conjunto de hardware capaz de processar o game. Agora, imagine que, em vez de o jogo ser executado em seu PC, dispositivo móvel ou console, ele é processado por um servidor remoto. O seu equipamento serve, então, apenas para que você possa acessar e controlar o jogo.

Nvidia GeForce Now
Nvidia GeForce Now

Todo o trabalho pesado fica a cargo das nuvens. É como se você acessasse uma plataforma como a Netflix, mas, em vez de vídeo, tem-se streaming de jogos.

Serviços de cloud gaming já existem. Alguns exemplos são o Xbox Cloud Gaming e o Nvidia GeForce Now. Porém, de modo geral, elas enfrentam uma série de limitações.

É preciso que o usuário tenha uma conexão bastante rápida à internet, por exemplo (pois os dados referentes aos jogos costumam ser muito volumosos), assim como garantir que o tempo de resposta aos comandos não seja demorado a ponto de interferir na jogabilidade.

Podemos dizer que, no momento, plataformas de cloud gaming ainda estão em fase muito inicial de desenvolvimento.

Cuidados na computação nas nuvens

Há uma quantidade imensa de serviços nas nuvens. No meio corporativo, há opções que atendem de pequenas empresas a companhias que figuram entre as mais valiosas do mundo. Tamanha diversidade exige cuidados para evitar que as vantagens da cloud computing se transformem em prejuízo ou desperdício de recursos.

Uma dessas medidas é a avaliação precisa de necessidades, do contrário, uma organização pode contratar serviços cuja capacidade está acima do que é preciso, gerando custos indevidos.

Outra é a desativação de recursos contratados no tempo certo. Se uma empresa utiliza serviços que cobram por hora, por exemplo, é importante desativar a ferramenta durante períodos em que não há demanda (como em feriados).

Nesse sentido, se uma companhia possui uma nuvem privada, precisa monitorar o consumo de recursos para identificar as situações em que a capacidade da estrutura pode ser diminuída. Se o não fizer, haverá equipamentos consumindo recursos como energia e largura de banda desnecessariamente.

A contratação de serviços também deve ser bem analisada. Nem sempre a solução mais barata é a melhor. Se os usuários necessitarem de um longo tempo de treinamento ou o serviço exigir migração para um plano de acesso à internet com mais capacidade, por exemplo, os custos adicionais podem acabar extrapolando o orçamento.

Esses são apenas alguns dos cuidados necessários. Dependendo do que se espera do modelo de cloud computing, outras medidas podem ser mandatórias. Em alguns casos, pode ser conveniente até mesmo a contratação de uma empresa especializada para assessorar a escolha e a implementação de uma solução.

Breve história da cloud computing

Computação nas nuvens não é um conceito claramente definido. Não estamos tratando de uma tecnologia pronta, que saiu dos laboratórios pelas mãos de um grupo de pesquisadores e posteriormente foi disponibilizada no mercado. Essa característica torna difícil a identificação precisa de sua origem. Mas há alguns indícios bastante interessantes.

Um deles remete ao trabalho desenvolvido por John McCarthy. Falecido em outubro de 2011, o pesquisador foi um dos principais nomes por trás do que conhecemos como inteligência artificial. Seu trabalho envolve a criação da linguagem Lisp, até hoje aplicada em projetos baseados nesse conceito.

John McCarthy - Imagem por Wikipedia
John McCarthy (imagem: Wikipedia)

Além desse trabalho, John McCarthy tratou de uma ideia bastante importante no início da década de 1960: computação por tempo compartilhado (time sharing). Nela, um computador pode ser utilizado simultaneamente por dois ou mais usuários para a realização de determinadas tarefas, aproveitando especialmente o intervalo de tempo ocioso entre cada processo.

Perceba que, dessa forma, é possível aumentar o aproveitamento do computador (na época, um equipamento extremamente caro) e diminuir gastos, pois o usuário paga somente pelo tempo de uso da máquina, por exemplo. É, de certa forma, uma ideia presente na computação nas nuvens.

Quase na mesma época, o físico Joseph Carl Robnett Licklider entrou para a história ao ser um dos pioneiros da internet. Isso porque, ao fazer parte da ARPA (Advanced Research Projects Agency), ele lidou com a tarefa de encontrar outras utilidades para o computador que não fosse apenas a de ser uma "poderosa calculadora".

Nessa missão, Licklider acabou sendo um dos primeiros a entender que os computadores poderiam ser usados de modo conectado, de forma a permitir comunicação de maneira global e, consequentemente, compartilhamento de dados. Seu trabalho foi determinante para a criação da Intergalactic Computer Network, que posteriormente deu origem à ARPANET que, por sua vez "abriu as portas" para a internet.

Embora possamos associar várias tecnologias, conceitos e pesquisadores ao assunto, ao juntarmos os trabalhos de John McCarthy e J.C.R. Licklider, podemos ter uma grande ajuda na tarefa de compreender a origem e a evolução da cloud computing.

Por que uma nuvem?

Ao consultar livros de redes, telecomunicações e afins, repare bem: é provável que você encontre desenhos de nuvens usados para fins de abstração. Nesse sentido, a ilustração representa uma rede de algum tipo cuja estrutura não precisa ser conhecida, pelo menos não naquele momento.

Se a intenção em determinado capítulo é explicar como funciona uma tecnologia de comunicação que interliga duas redes de computadores, por exemplo, não é necessário detalhar as características de cada uma delas. Assim, o autor pode utilizar a representação de uma nuvem — a abstração — para indicar que há redes ali.

A computação nas nuvens simplesmente absorveu essa ideia, até porque o desenho de uma nuvem, no mesmo contexto de abstração, passou também a representar a internet.

Conclusão

Qualquer tentativa de definir o que é cloud computing pode não ser 100% precisa. As ideias por trás do conceito de computação nas nuvens são relativamente novas e, não raramente, as opiniões de especialistas sobre o assunto divergem. Mas as premissas básicas foram expostas no texto.

É claro que a cloud computing não pode ser vista como uma solução mágica para todo tipo de aplicação. Fatores envolvendo disponibilidade, capacidade de escala (para ampliação do serviço em caso de aumento de demanda), segurança dos dados, custos e conveniência devem ser sempre colocados na balança para a adoção de um serviço nas nuvens.

De todo modo, a computação nas nuvens é um caminho sem volta. A constante ampliação dos serviços de acesso à internet e o advento dos dispositivos móveis (smartphones, tablets, smartwatches e semelhantes) abrem espaço para uma gama crescente de aplicações. A chegada das redes 5G e da chamada Internet das Coisas reforçam esse cenário.

Serviram de referência para este texto os seguintes links:

Veja também:

Publicado em 23_12_2008. Atualizado em 16_10_2022.

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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