Um ciborgue que ouve “cores” na Campus Party 2012
Uma das atrações da Calor Campus Party 2012 nesta quarta-feira (08/02/2012) foi Neil Harbisson. Britânico, mas vivendo atualmente na Espanha, ele é compositor, artista visual e… ciborgue?! Não, você não leu errado: Neil Harbisson nasceu em 1982 como um humano qualquer, mas se tornou oficialmente um ciborgue em 2004.
Neil Harbisson na Campus Party 2012
Um ciborgue é um ser que possui partes orgânicas e cibernéticas. No caso de Neil Harbisson, a parte “robótica” é uma câmera apelidada de eyeborg que possui sensores que se comunicam com o seu cérebro. Isso porque Harbisson sofre de acromatopsia, uma doença rara que o impede de ver cores, fazendo-o enxergar apenas tons em preto e branco.
Este é um problema bastante limitador. Para pessoas como Harbisson, tarefas simples como identificar a cor do semáforo ou escolher frutas no mercado são um verdadeiro desafio. Diante disso e do fato de a doença ser incurável, Neil Harbisson buscou uma alternativa com a ajuda de um cientista, trabalho que resultou na criação do eyeborg, em 2004.
O que este “olho eletrônico” faz é identificar cores e emitir sequências de notas musicais correspondentes. Ou seja, Harbisson continua não conseguindo ver cores, mas é capaz de identificá-las a partir de sons associados a elas. O dispositivo é capaz de emitir cerca de 360 sequências sonoras diferentes, indicando a mesma quantidade de tons. Pode parecer difícil, mas o britânico conseguiu se adaptar ao esquema, apesar de algumas dificuldades no início.
E por que o eyeborg faz de Neil Harbisson um ciborgue? Agora vem a parte mais interessante: a primeira versão do dispositivo tinha algumas limitações, especialmente exigir fones de ouvido, que o atrapalhavam a escutar pessoas falando, e a obrigatoriedade de uso de um laptop de 5 quilos. A solução encontrada foi fazer com que um chip emissor de áudio fosse ligado ao seu crânio em um procedimento cirúrgico, uma vez que os ossos propagam sons. Desta forma, Neil acabou também se livrando do notebook.
Em 2010, Harbisson decidiu criar a Cyborg Foundation, uma organização para ajudar pessoas que necessitam se transformar em ciborgues. Extravagância? De forma alguma! Em certa ocasião, ao necessitar emitir um passaporte, Harbisson pediu para sair na foto do documento com o eyeborg, já que o dispositivo o caracteriza, mas teve dificuldades para isso. A partir daí, iniciou uma jornada judicial para ser reconhecido oficialmente como um ciborgue, o que levou a criar a entidade.
Muito legal, né? Percebeu que, com essas experiências todas, Harbisson é capaz de enxergar as cores das músicas?
Para quem se interessar, é possível ver a apresentação de Neil Harbisson na Campus Party 2012 aqui (necessário cadastro para visualizar).
Emerson Alecrim
Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001.
É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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