Por que você deve ler a biografia de Steve Jobs
Os dias seguintes à morte de Steve Jobs foram estranhos para mim. Entre o meu pesar e os lamentos daqueles que o prestigiavam, eu me deparei com pessoas que só passaram a saber dele após as notícias de sua morte. E, surpreendentemente, todas entendiam o impacto da perda, mesmo que vagamente. Apesar do espanto, não tive dificuldades para enxergar o porquê.
Numa visita a parentes no interior do Paraná, um tio meu, que não tem familiaridade alguma com computadores, me perguntou: “você viu que morreu aquele cara lá, o inventor do celular?”. Não era o primeiro que eu ouvia dizer aquilo. Intrigado, comecei a procurar na internet reportagens da TV sobre a morte de Jobs. Por que? Para quem é “heavy user” de internet pode ser difícil digerir isso, mas a televisão ainda é a principal fonte de informação para muita gente. Inclusive para o meu tio.
Quando um iPhone da vida é lançado, os programas jornalísticos tradicionais dão pouca ou nenhuma atenção ao assunto. Mas acontece que Steve Jobs é um nome forte demais para ser ignorado. Deixar de noticiar a morte de alguém tão importante pode ser interpretado como baixa qualidade editorial ou algo do tipo. Mas como demonstrar a dimensão do acontecimento para pessoas que não sabem quem é Steve Jobs?
De modo geral, a TV agiu de maneira coerente, dizendo coisas do tipo “Jobs revolucionou o mercado de computadores pessoais e de telefones celulares”. Pelo menos eu não vi nenhuma emissora se equivocar dizendo que Steve inventou o celular ou algo assim.
Mas por que as pessoas pouco ou nada familiarizadas com o assunto interpretaram Steve Jobs desta forma? Porque, ao absorverem as notícias, o que elas conseguiram entender foi que acabara de falecer o homem responsável por fazer com que um celular ou mesmo um computador não lhes parecesse um bicho de sete cabeças.
Se você parar para pensar nisso, verá que é um fenômeno impressionante: é como se estas pessoas sempre soubessem que alguém de tamanha importância estava ali, só não havia sido apresentada antes, por força das circunstâncias.
Esta percepção me fez ter urgência em ler a biografia de Steve Jobs. Sim, eu sabia que o livro seria publicado em outubro ou novembro de 2011 e estava disposto a comprá-lo tão logo fosse lançado. Mas, até então, aguardava pacientemente. Depois da semana em que Steve se foi, passei a contar os dias, tudo pela necessidade de entender como uma pessoa pode causar tanto impacto neste mundo.
Até que um dia o livro chegou. Nele, as características da personalidade de Jobs são tão ressaltadas que, invariavelmente, você começa a prestar atenção em seu próprio comportamento. Neste processo, você pode até criar comparativos, mas percebe de imediato que agir como Steve Jobs não é a fórmula do sucesso. Por outro lado, você nota que pode aprender muito com ele.
A genialidade de Jobs não foi suficiente para torná-lo uma pessoa “perfeita”. Por trás de tamanha inteligência estava um homem explosivo, que tomou decisões erradas, ficou inseguro, se deixou magoar e, vez ou outra, se arrependeu profundamente de algo. Mas Jobs nunca se preocupou em corrigir traços como estes: se o fizesse, eliminaria junto a sua intuição, que tantas vezes lhe serviu de guia.
Pois é, Jobs não tinha vergonha de ser quem era. Na verdade, ele sempre se considerou especial, mesmo quando criança, o que certamente moldou a sua auto-confiança. Mas aí você se maravilha ao perceber que, no fundo, todos os feitos de Jobs tinham uma única fonte de energia: uma vontade tremenda de fazer coisas realmente grandiosas – não para ganhar dinheiro, mas para não deixar a vida neste mundo passar em branco. Isso é incrível no final das contas, pois é uma forma de permanecer vivo: a morte não consegue apagar o nome daqueles que realizam grandes feitos.
Um livro de 600 páginas não é capaz de descrever pra valer a trajetória de uma pessoa, mas não há dúvidas de que esta é uma leitura que vale a pena: os acontecimentos relatados são tão intensos e variados, que é impossível que dois ou mais leitores tirem exatamente as mesmas conclusões, afinal, cada um usará experiências de sua própria vida como referência para compreender as ações de Jobs.
Eu realmente fiquei admirado com o livro, pois além de ter conseguido me indicar como Steve Jobs foi capaz de criar coisas tão incríveis e ser respeitado até mesmo por aqueles que só souberam de sua existência no dia de sua morte, me surpreendeu por ter evidenciado, sem querer, aspectos fascinantes da essência humana.
- Steve Jobs, A Biografia
- Autor: Walter Isaacson
- Editora: Companhia das Letras
- ISBN: 8535919716
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Emerson Alecrim
Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001.
É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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