MEGA: o retorno de Kim Dotcom

Tente se lembrar de qualquer filme em que o protagonista da história sofre uma derrota humilhante e, com uma olhar de ira que faria qualquer um ao redor engolir em seco, diz: “eu voltarei!” Na vida real, essas reviravoltas não costumam ser tão dramáticas assim, mas acontecem. A prova disso é que Kim Dotcom cumpriu a sua promessa: de certa forma, o MegaUpload voltou, só que muito melhor. Ou pior, dependendo do lado que você está 😀

MEGA

Imagem por MEGA

Trata-se, na verdade, de um serviço sucessor que se chama MEGA. A sua estreia aconteceu hoje (19/01/2013), coincidência ou não, exatamente um ano depois do fechamento do MegaUpload. Mas as coisas realmente estão diferentes: a princípio, o MEGA é um serviço de armazenamento de arquivos nas nuvens que lembra o SkyDrive ou Dropbox. Mas uma olhada mais demorada deixa claro que a novidade vai muito além disso.

Para começar, os recursos oferecidos pelo MEGA são mais generosos. Se você criar uma conta gratuita, terá direito a 50 gigabytes de espaço para armazenar e compartilhar quaisquer arquivos. No Dropbox, por exemplo, são apenas 2 GB! Se você optar por um dos planos pagos, a “generosidade” aumenta ainda mais:

  • Pro I: espaço de 500 GB, tráfego de até 1 TB por mês, 9,99 euros por mês;
  • Pro II: espaço de 2 TB, tráfego de até 4 TB por mês, 19,99 euros por mês;
  • Pro III: espaço de 4 TB, tráfego de até 8 TB por mês, 29,99 euros por mês.

Sim, Kim Dotcom pegou pesado! Me lembrou inclusive quando o Gmail fez a sua estreia com a então incrível capacidade de 1 GB e forçou praticamente todos os serviços de e-mail a se renovarem. Será que, diante do MEGA, empresas como Google, Dropbox e Microsoft se verão obrigadas a revisar os planos de seus serviços de armazenamento?

É cedo para saber. De qualquer forma, há mais uma característica no MEGA que o torna atraente: a criptografia dos dados. Assim como no finado MegaUpload, o MEGA permite ao usuário fazer upload de um arquivo e compartilhá-lo. Porém, os arquivos são criptografados antes de serem armazenados, de forma que nem o MEGA consiga identificar o seu conteúdo.

O serviço deixa claro que o usuário só conseguirá acessar seus arquivos se estiver com a chave criptográfica RSA de 2048 bits associada à sua conta e que, portanto, só ele possui. Com isso, as autoridades até poderão solicitar determinados arquivos, mas sem a chave, terão apenas um monte de dados sem sentido em suas mãos, não conseguindo provar que ali há material ilegal.

Note que, desta forma, será muito difícil acusar o MEGA de ser conivente com crimes virtuais. Para completar, os termos de uso fazem o seu papel, dizendo que o usuário não pode fazer upload de material protegido por direitos autorais, isentando o serviço de qualquer responsabilidade. Como se não bastasse, localizar onde estão os servidores do MEGA também não será tarefa fácil.

O cadastro no serviço é simples. Basta clicar em Register, no topo da tela, e informar nome de usuário, e-mail e senha. Uma mensagem será enviada ao endereço inserido contendo um link para confirmar a inscrição. Quando isso for feito, a chave criptográfica será gerada e, por fim, o serviço estará disponível.

A interface do MEGA

A interface do MEGA

A interface é bastante limpa e de fácil utilização. O upload pode ser feito por ali mesmo, embora eu não tenha conseguido testar esta opção por conta da lentidão – normal por causa do grande volume inicial de acessos. Curioso é que, se você tentar fazer upload em um browser que não seja o Chrome, o serviço recomendará o navegador do Google, que é o que funciona melhor para esta tarefa.

Por ora, o MEGA é uma novidade “beta”. De fato, ainda há muita coisa para ser feita: em um futuro não muito distante, o serviço terá ferramentas complementares, como agenda, editor on-line de textos, hospedagem de sites, aplicativos para plataformas móveis e assim por diante.

Eu não sei se o MEGA poderá ser usado tão abertamente quanto o era o MegaUpload, afinal, as pessoas que quiserem fazer download de arquivos compartilhados no serviço também precisarão de uma chave. De qualquer forma, não há dúvidas de que o MEGA será uma opção considerável para a distribuição de conteúdo, seja ele legal ou ilegal.

Kim Dotcom voltou. E voltou de uma maneira bastante inteligente! Ele poderia ter se intimidado com o fechamento do MegaUpload e a sua prisão, mas utilizou esta história toda para se “promover”, já que, até então, quase ninguém sabia da sua existência. Ao perceber que se tornou conhecido, Kim não perdeu tempo: disse que o MegaUpload voltaria de alguma forma e assim o fez.

E não termina aí: Dotcom também prometeu para breve o Megabox que, segundo ele, revolucionará a distribuição de músicas pela internet. Algo me diz que dias interessantes virão por aí…

Referência: TechCrunch.

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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