Live Mesh: seu desktop em qualquer lugar
O fato de acompanharmos as novidades tecnológicas que nos chegam quase que diariamente tem como conseqüência o risco de pularmos alguma coisa que realmente merece atenção. É o que aconteceu comigo em relação ao Live Mesh, serviço que a Microsoft vem anunciando desde meados do semestre passado. No entanto, no último dia 14, fui convidado pelo Galileu Vieira, da Microsoft, para participar de um Backchannel sobre o assunto. Depois do evento, fiquei bastante interessado pelo Live Mesh, não apenas pelo o que o serviço é, mas também pelo o que poderá ser em futuro não muito distante.
Esse tal de Backchannel é uma espécie de apresentação on-line que pode ser acompanhada pela internet por qualquer pessoa que tenha convite. Os participantes podem debater sobre o assunto abordado ou fazer perguntas através de um chat (embora eu não tenha feito nenhuma pergunta, fiquei só assistindo 😀 ). Estavam presentes, por exemplo, o Rodrigo Ghedin, do WinAjuda e o Nick Ellis, do Digital Drops. A apresentação foi comandada por ninguém menos que Angus Logan, um dos grandes nomes por trás do Live Mesh.
Bom, e o que é esse tal de Live Mesh? Pois bem, imagine o seguinte: você acaba de tirar uma foto sua a partir de uma webcam e a salvou no desktop do seu PC. No dia seguinte, você se dá conta de que esqueceu de guardar essa foto em seu e-mail ou em seu pendrive e repara que, no momento, o único dispositivo à sua disposição é o seu telefone celular. Seria ótimo se você pudesse visualizar aquela foto ali mesmo, no celular, não? Só que você a esqueceu no desktop do seu PC…
Esse é apenas um exemplo de um problema que o Live Mesh pode eliminar. Em poucas palavras, trata-se de uma plataforma cujo objetivo é permitir ao usuário fazer com que os seus dispositivos – PC, notebook, telefone celular, Mac, entre outros – trabalhem de forma sincronizada, como se todos compartilhassem do mesmo desktop, formando assim a sua rede particular no Mesh (anel do Mesh), onde todos os dados atualizados ficam, na verdade, armazenados na “nuvem”, isto é, na internet. Com isso, ao gerar uma imagem através de sua webcam, por exemplo, você poderá torná-la imediatamente disponível a qualquer outro dispositivo que tenha acesso a essa rede.
Em um PC, por exemplo, o Live Mesh, depois de instalado, disponibiliza um atalho para as suas pastas no serviço ao lado dos ícones convencionais do sistema operacional, como mostra a tela abaixo (janela Meu Computador, do Windows XP). Você pode manipular o conteúdo dessa pasta como se estivesse trabalhando com qualquer outra já existente no computador:
Pasta do Live Mesh
Pastas do Live Mesh na Área de Trabalho
Repare que os ícones que representam as pastas do Live Mesh estão na cor azul, assim fica fácil diferenciá-las. Um detalhe interessante é que, se você criar outra pasta dentro desta, o programa permitirá que você defina o seu local de acesso, que por padrão é a Área de Trabalho, mas é possível indicar outro diretório. Voltando ao exemplo da imagem do início do texto, bastaria então salvá-la na pasta Fotos (supondo que você criou uma pasta com esse nome no Live Mesh), acessível pela Área de Trabalho. Daí, qualquer outro computador que estiver fazendo parte do anel de sua conta no Mesh poderá acessar esse conteúdo seguindo o mesmo caminho, como se ambos dividissem a mesma pasta.
Mas a proposta do Live Mesh é a de ser muito mais que um sincronizador de arquivos e pastas – Angus Logan tratou de deixar isso claro em sua apresentação. A idéia é a de que você possa ter acesso fácil aos seus arquivos, mas também utilizar recursos comuns no seu dia-a-dia (agenda, mapas, notas, visualizadores de mídia, etc). Você poderá também compartilhar determinadas informações com amigos, permitindo inclusive que eles façam alterações. Você tomará conhecimento de cada item modificado ou de cada atividade em sua conta através do item News, existente tanto na interface Web quanto no aplicativo de desktop do Live Mesh.
Ah, eu não falei sobre essas versões, né? Pois bem, até o momento, o Live Mesh conta com um pequeno aplicativo que pode ser instalado no Windows (XP ou Vista). Depois que isso é feito, o programa fica disponível ao lado do relógio do sistema. Ao clicar nele, uma janela ligeiramente semelhante ao Windows Live Messenger (antigo MSN Messenger) aparecerá. Esta conta com três botões: News, Devices e Active Folders. O primeiro item, conforme já explicado, relata as atividades em sua conta. O segundo item mostra o status de todos os dispositivos que você utiliza no Mesh. Por sua vez, a terceira opção exibe as suas pastas ativas.
Janela do aplicativo do Live Mesh
Como já dito, a intenção da Microsoft é a de permitir que você acesse o seu conteúdo de qualquer dispositivo. Prova disso é que, enquanto eu escrevia este texto, a empresa trabalhava na criação de aplicativos específicos para Mac e para Windows Mobile. Ótimo, então quem usa Linux ou outro sistema fica de fora, não é? Fica, mas também não fica. Explico: ainda não é o ideal, mas para esses casos, a Microsoft disponibiliza uma versão Web, acessível por um navegador de internet. Essa opção também é útil para quando você precisa acessar sua conta no Live Mesh em computadores públicos (como os de uma faculdade ou de uma lan house). Na imagem abaixo, eu estou acessando minha conta no Live Mesh através do Firefox do meu Eee PC, que utiliza sistema operacional Xandros Linux:
Acessando o Live Mesh no Eee PC através da interface Web
Também merece destaque uma funcionalidade que já está disponível no Live Mesh, mas que ainda precisa de alguns ajustes: o acesso remoto a um dispositivo que faz parte do anel do Mesh. Nos meus testes, acessei o PC que no Mesh chamo de ALECRIM2 a partir do computador ALECRIM1 (sim, quando o aplicativo do Mesh é instalado na máquina, ele pede que você lhe atribua um nome). Para isso, na janela do Mesh, basta ir em Devices, escolher o disposito a ser acessado remotamente e clicar em Connect to Device. Aqui, o acesso ocorreu de forma lenta, mas isso é compreensível, afinal, estamos falando de um serviço em estágio inicial de desenvolvimento.
Acessando um PC remotamente através do Live Mesh
Sim, embora o projeto do Live Mesh tenha cerca de 2 anos, o serviço ainda está nos primeiros passos. Em um futuro próximo, a intenção é a de que a plataforma permita o uso de variados aplicativos, se torne plenamente acessível por vários meios (não apenas em dispositivos, mas também em sites ou redes sociais) e que possibilite recursos para que desenvolvedores não ligados à Microsoft criem ferramentas que incrementem ainda mais o serviço. Neste último caso, será possível criar funcionalidades através de Java, Python, Ruby on Rails, entre outras linguagens.
Por enquanto, o Live Mesh trabalha essencialmente com sincronização e compartilhamento de arquivos, além da opção de acesso remoto. Até o fechamento deste texto, o serviço estava disponível de maneira limitada apenas a usuários dos EUA, no entanto, algumas pessoas conseguem acessá-lo de outras localidades mudando as opções regionais de seu Windows para o inglês americano. Com isso, basta acessar o site do Live Mesh, fazer logon com uma conta Windows Live ID (quem usa Windows Live Messenger ou Hotmail, já a tem), definí-la como sendo dos EUA (é possível fazer isso no link anterior) e ir em Add Devices no site do Mesh para baixar o instalador da plataforma para o seu sistema operacional (se você não fizer isso, somente conseguirá utilizar o Live Mesh pelo navegador de internet). Por ora, a Microsoft está oferecendo 5 GB de espaço gratuito para armazenamento de dados no serviço. Ainda não há qualquer previsão de lançamento para o Brasil ou para outros países, mas é possível que isso ocorra já em 2009.
Interface Web do Live Mesh
Se o Live Mesh fará sucesso? Eu não sei, mas ao menos os seus objetivos são promissores. Em um “futuro ideal”, quando tivermos acesso rápido e de qualidade à internet nos mais variados dispositivos, acessar os seus arquivos e aplicativos em qualquer lugar será rotina. Imagine, por exemplo, tirar uma foto a partir de seu telefone celular e o dispositivo, sozinho, enviá-la à sua pasta virtual. Ou, então, imagine poder ouvir as suas canções preferidas no carro durante uma viagem simplesmente acessando o seu diretório de músicas a partir do painel do veículo. Empolgante, não?
É claro que ainda falta muito para o Live Mesh chegar a esse nível. O serviço, até por estar em estágio inicial, se limita a poucos dispositivos, exige o Silverlight (tecnologia ainda pouco adotada) para poder ser utilizado a contento na Web, oferece poucos recursos (porém, o mais importante, o de sincronização de arquivos, funciona bem) e, naturalmente, levanta em usuários mais experientes questões referentes à privacidade e à segurança de seus dados. Todavia, uma das etapas mais importantes de projetos que visam ser relevantes às pessoas é o seu início, e o Live Mesh começou muito bem 😉
Saiba mais sobre o Live Mesh nos seguintes links:
– Live Mesh (site oficial);
– Live Mesh – Team Blog;
– Angus Logan’s Blog.
Deveremos ter mais notícias do serviço no evento Professional Developers Conference 2008 (PDC), que acontece entre os dias 27 e 30 de outrubro de 2008, em Los Angeles, EUA.
Emerson Alecrim
Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001.
É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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