Google completa 10 anos: veja um breve histórico da empresa

Eu ainda lembro dos mecanismos de busca que usava tão logo comecei a ser um usuário da internet. Para assuntos em português, preferia o Miner, que posteriormente foi comprado pela UOL e depois caiu no esquecimento. Para conteúdo em inglês, usava o Ask Jeeves e o AltaVista.

Quando não conseguia encontrar o que queria, utilizava outros serviços, até que, por dica de não me lembro quem, acessei um tal de Google. “Não presta”, logo pensei, ao observar as cores do logotipo e o layout exageradamente simples. Bom, já que eu estava lá, testei.

A partir desse dia, o Google passou a ser o meu sistema de busca preferido. Aos poucos, fui deixando o Miner de lado e indicando o Google a amigos e colegas que ficavam tão perdidos na internet quanto eu.

GoogleSó não fazia idéia de que, pouco tempo depois, o Google se tornaria uma das principais empresas da internet. Seu serviço de busca logo ficou popular e derrubou a preferência que a maioria das pessoas tinha pelos mecanismos concorrentes. Como se não bastasse, o Google começou a trabalhar em outros segmentos. Em meados de 2004, por exemplo, um tal de Gmail se tornou o assunto do momento, pois oferecia um e-mail com a incrível capacidade de 1 GB para armazenamento de mensagens. E de graça! Até então, para utilizar e-mails com generosas capacidades de 5, 10, 12 MB (isso mesmo, megabytes), tínhamos que pagar.

O problema do Gmail era a necessidade de ganhar um convite para utilizá-lo. Coisa rara, tanto que muita gente chegou a vender convites em sites como o eBay. Eu tive sorte. Consegui o convite graças à generosidade de um jornalista – pasme – no Orkut. Entre meu círculo de amizades na internet, fui um dos primeiros a ter acesso ao Gmail, e fiquei espantado com o que vi. Hoje, essa conta de e-mail é a mais importante que eu tenho.

E, logo em seguida, veio serviços como o fantástico Google Earth, o Google Calendar e tantos outros. Como uma empresa pode fazer coisas tão incríveis assim? Com essa pergunta na cabeça, comecei a pesquisar mais pela história do Google. Além de documentos on-line, consultei dois livros que me foram essenciais para compreender o universo desse fenômeno: A Busca, de John Battelle; e Google: A História do Negócio de Mídia e Tecnologia de Maior Sucesso dos Nossos Tempos, de David Vise e Mark Malseed. Essas obras são leituras recomendadas para quem deseja entender melhor o sucesso do Google.

Eu não vou conseguir explicar a história da empresa criada por Larry Page e Sergey Brin aqui (os livros mencionados acima o fazem muito bem, especialmente o segundo), mas mostro a seguir um resumo dos principais acontecimentos em relação ao Google até os dias de hoje:

Setembro de 1998: o Google é fundado oficialmente e tinha apenas 3 funcionários: os fundadores Larry Page e Sergey Brin, além de Craig Silverstein (hoje, a companhia tem quase 20 mil funcionários). A sede da empresa era uma garagem;

Uma das primeiras páginas do Google
Uma das primeiras páginas do Google. Você pode vê-la aqui.

Junho de 1999: o Google recebe seu primeiro grande investimento (além dos 100 mil dólares iniciais na época da abertura da empresa), um aporte de 25 milhões de dólares de investidores de risco;

Março de 2000: lançado o Google Directory, um diretório de links que é tido como um dos primeiros serviços do Google além do sistema de busca;

Junho de 2000: o Google fecha um acordo – veja só! – com o Yahoo! e este passa a indexar seus resultados de busca. Como as páginas de resultado muitas vezes exibiam um pequeno logotipo do Google, o canal de busca do Yahoo! acabou servindo de meio para tornar a empresa de Sergey Brin e Larry Page mais conhecida. Imagino eu que, depois disso, o Yahoo! tenha começado a investir seriamente em pesquisas para o desenvolvimento de uma máquina do tempo;

Outubro de 2000:
no início, o Google pretendia gerar receita licenciando sua tecnologia de busca, tal como fez com o Yahoo!, mas a idéia não se mostrou promissora. Relutando em exibir banners e outros tipos semelhantes de publicidade no Google, os fundadores da empresa acabaram buscando uma forma diferente e não invasiva de exibir anúncios. A solução encontrada é o que conhecemos hoje como Google AdWords;

Fevereiro de 2001: o Google compra uma empresa chamada Deja News, cuja tecnologia foi incorporada ao serviço que hoje nos é apresentada como Google Groups;

Junho de 2001: o Google lança um buscador de imagens, que é anexado ao seu serviço de busca contextual;

Agosto de 2001: Eric Schmidt, que até então trabalhava com CEO da Novell, assume o cargo de diretor executivo do Google. Page e Brin tiveram certa relutância em disponibilizar esse cargo, mas o “aconselhamento” de investidores serviu de base para a decisão. Hoje, Schmidt, Page e Brin são os nomes mais importantes do Google;

Setembro de 2002: surge o Google News, serviço que agrega de maneira automatizada links para notícias do mundo inteiro. Apesar de não ser muito popular, é considerado indispensável por quem o utiliza regularmente, inclusive por este que vos escreve;

Fevereiro de 2003:
o Google comprar o Blogger, até hoje, um dos serviços de blogs mais utilizados do mundo;

Junho de 2003: o Google anuncia o serviço AdSense, que exibe anúncios publicitários em sites de uma rede de parceiros. Além de elevar a receita da empresa, o Google AdSense serviu para alavancar as finanças de uma infinidade de sites no mundo inteiro;

Janeiro de 2004: o Google lança o Orkut, a rede social que virou febre no Brasil, mas que, tempos depois, se mostrou um fracasso em outras partes do mundo;

Abril de 2004: o Google lança oficialmente o Gmail, seu revolucionário serviço de e-mail como 1 GB de capacidade. No início, era necessário ter convite para criar uma conta, fato esse que atiçou a curiosidade de muitas pessoas;

Agosto de 2004: o Google – finalmente – lança ações na Bolsa. O custo inicial de seus papéis era de 85 dólares. Hoje, cada ação tem valor próximo a 450 dólares;

Fevereiro de 2005: o Google anuncia o serviço Google Maps, baseado em tecnologia da empresa Where2, comprada no ano anterior;

Maio de 2005:
nasce o programa que permite a qualquer pessoa ver o mundo na tela de seu computador: o Google Earth. Essa incrível ferramenta é, na verdade, oriunda da Keyhole, empresa comprada pelo Google em 2004;

Visão do Googleplex (sede do Google), em Mountain View, pelo Google Earth
Visão do Googleplex (sede do Google), em Mountain View, pelo Google Earth

Agosto de 2005: é disponibilizada a primeira versão do comunicador instantâneo Google Talk. O serviço não se torna muito popular, mas consegue uma boa base de utilizadores ao ser adicionado à interface do Gmail;

Setembro de 2005: Vinton G. Cert, tido como o “pai da internet”, passa a fazer parte do alto escalão do Google;

Janeiro de 2006: o Google se envolve no que se tornou uma de suas maiores polêmicas: a aceitação de condições de censura impostas pelo governo chinês em sua atuação na China;

Março de 2006: o Google compra o Writely, editor de textos on-line que, após várias mudanças, deu origem ao Google Docs;

Outubro de 2006: o Google compra o YouTube, um negócio que envolveu o incrível valor de 1,65 bilhão de dólares;

Abril de 2007: em um negócio envolvendo 3,1 bilhões de dólares, o Google anuncia a compra da DoubleClick, notícia que afetou os ânimos da Microsoft;

Novembro de 2007:
o Google anuncia oficialmente o projeto Android, uma plataforma para dispositivos portáteis que está sendo desenvolvida de forma colaborativa com outras empresas e desenvolvedores;

Maio de 2008:
o Google lança o Google Health, serviço até certo ponto polêmico e que se propõe a servir de base de informações médicas para seus usuários;

Junho de 2008: o Google fecha um surpreendente acordo com o Yahoo! para exibir publicidade contextual nas páginas de resultados de busca deste último. A iniciativa é vista como uma manobra do Google para dificultar a tentativa da Microsoft de adquirir o Yahoo!;

Julho de 2008: no que, para muitos, parece ser uma tentativa de disputar espaço com a Wikipedia, o Google abre acesso ao serviço Knol, onde o próprio usuário gera o conteúdo;

Setembro de 2008: o Google entra para a briga dos navegadores de internet ao lançar o browser de código aberto Chrome.

Certamente faltam itens nesse resumo e, se você se lembrar de algo importante que não foi citado aqui, te convido a inserir uma nota nos comentários 🙂

Essa “linha do tempo” serve para deixar claro que o Google tem motivos de sobra para comemorar os seus 10 anos de existência. A empresa foi criada oficialmente em 07/09/1998, mas costuma comemorar seu aniversário durante todo o mês de setembro e, pelo menos nos últimos anos, exibiu um logotipo comemorativo no dia 27 do referido mês. Mas, o que importa é que foram 10 anos intensos e de expressiva importância para a internet. Sim, porque embora pareça exagero, hoje já não é possível falar de internet sem falar do Google. Apesar de a empresa ser vez ou outra sondada por questões referentes à privacidade dos usuários e da dependência de seus serviços, não dá para negar que os rumos da internet seriam outros sem a sua atuação.

O que muita gente se pergunta agora é como serão os 10 próximos anos do Google. Será que a empresa sustentará a imagem que tanto causa admiração? Será que manterá o seu ritmo de crescimento? Será que continuará sendo a maior no que se refere às buscas na internet? Será que gerará receita com serviços atualmente não rentáveis, como o YouTube? Será que permanecerá atiçando a ira da Microsoft? Será que dominará o mundo? 😀

Não sei e duvido muito que alguém saiba. Como a própria história da empresa indica, em 10 anos muita coisa pode acontecer. Porém, o Google se tornou o que é hoje por não esquentar a cabeça com essa coisa de futuro e por encarar cada desafio com ares de diversão. Isso significa que a única coisa que pode frear o Google é o próprio Google.

Parabéns à empresa e que os próximos 10 anos sejam tão impressionantes quanto os 10 primeiros 🙂

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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