Demissões e adiamento do BlackBerry 10: o que está acontecendo com a RIM?

Research In Motion - RIMNão é novidade para ninguém: há meses que a Research In Motion (RIM) encara uma crise iniciada pela queda constante em suas vendas e, ao mesmo tempo, pelo crescimento acelerado das plataformas Android e iOS. A situação está cada vez pior: divulgados recentemente, os resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre do ano fiscal de 2013 mostram que a RIM acumulou perdas de 518 milhões de dólares.

Em um passado não muito distante, a RIM era referência em smartphones com a linha BlackBerry, principalmente no segmento corporativo, onde a plataforma popularizou o acesso ao e-mail a partir do celular. No entanto, quando os usuários começaram a adquirir aparelhos tanto para uso pessoal quanto para atividades profissionais, passaram a dar preferência a plataformas mais intuitivas, principalmente Android e iOS (iPhone). Foi aí que a RIM se perdeu e não conseguiu mais encontrar o caminho.

Faltou algumas doses de ousadia e coragem para a RIM fazer o que outras empresas em situações semelhantes – como a própria Apple – fizeram: se reinventar. Quando os primeiros sinais de declínio começaram a aparecer, a companhia continuou apostando alto na aparente exclusividade da plataforma BlackBerry, deixando de perceber – ou fazendo vista grossa – que os consumidores estavam abraçando a ideia de smartphones com telas grandes – e, portanto, sem teclado físico – e com uma diversidade cada vez maior de aplicativos.

Tardou, mas a RIM reagiu: renovou a linha BlackBerry com novos aparelhos e atualizações de seu sistema operacional. Porém, isso não foi suficiente para tirar a impressão de que a companhia está sempre um passo atrás em relação aos concorrentes. E, de certa forma, está mesmo: os “ecossistemas” criado em torno do Android e do iOS oferecem uma experiência muita mais rica ao usuário.

A resistência ao “mundo real” fez com que Mike Lazaridis e Jim Balsillie perdessem os cargos de presidentes da RIM no início de 2012. Lazaridis é o principal nome por trás da criação da empresa – para um fundador sair, é porque a situação chegou a níveis realmente críticos.

A cada vez mais cansada linha BlackBerry – Imagem por RIM

A cada vez mais cansada linha BlackBerry – Imagem por RIM

O alemão Thorsten Heins assumiu o comando da RIM, mas o seu trabalho tem se focado muito mais em cortar gastos e diminuir a queda do valor das ações da companhia do que em inovação. É por isso que, após o anúncio do prejuízo de 518 milhões de dólares, a empresa anunciou o corte de 5 mil postos de trabalho e o lançamento da plataforma BlackBerry somente em 2013, não mais em 2012. Não é pouca coisa: o corte corresponde a quase 30% do quadro de funcionários da empresa e o adiamento do BlackBerry 10 reforça ainda mais a imagem de “plataforma ultrapassada”.

O corte de custos, por si só, não salvará a RIM. São medidas paliativas, que servem apenas para evitar que os investidores se joguem da ponte. Uma possível solução é a venda da companhia para algum grupo capaz de lhe dar um novo horizonte. Outra é deixar o passado para trás e aproveitar o que ainda resta no caixa para abraçar plataformas como Android e Windows Phone. As coisas só não podem continuar do jeito que estão, com o BlackBerry, cada vez mais cansado, servindo de locomotiva.

Referências: WSJ.com, Reuters, The Washington Post.

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001. É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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