Digio, um cartão de crédito gratuito, Visa e controlado via app
É o Nubank ganhando um concorrente direto. Será que convence?
O cartão Nubank faz tanto sucesso que, mais cedo ou mais tarde, concorrentes diretos iriam aparecer. Um deles é o Digio, um cartão de crédito gratuito, internacional e controlado via aplicativo. Mas o Nubank só usa bandeira Mastercard. O Digio é Visa. E as diferenças não terminam aí.
Ao contrário da Nubank, que se caracteriza como uma fintech formada com fundos de investidores, o cartão de crédito Digio é emitido pelo Banco CBSS, que pertence ao grupo Elopar, como mostra este tweet. A Elopar, por sua vez, é uma holding criada em 2010 pelo Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Dá para dizer, portanto, que o Digio é uma reação de grandes bancos brasileiros ao sucesso avassalador do Nubank.
Para ter cartão Nubank, é necessário se cadastrar no site da empresa e aguardar convite ou, de preferência, conseguir um com alguém que já é cliente da empresa. Já o Digio faz questão de destacar que, por lá, o processo é mais simples: basta instalar o app no smartphone (disponível para Android e iOS), solicitar o cartão ali mesmo e aguardar a avaliação da proposta. Se tudo der certo, o cartão será entregue em até duas semanas.
A análise para aprovação pode demorar alguns dias. A princípio, não é necessário enviar comprovante de renda ou ter conta em banco, mas há um processo de verificação de perfil: se você estiver com o “nome sujo”, terá a proposta do cartão recusada. Ah, o Digio é voltado apenas para quem tem 18 anos ou mais.
Quando o cartão chegar, basta desbloqueá-lo via app, como no Nubank. Por ali, também é possível acompanhar o histórico de lançamentos, é claro, assim como consultar limites, contatar o suporte, gerar boleto para pagamento e por aí vai.
Não há cobrança de anuidade ou tarifa de segunda via do cartão de crédito. Saques nacionais e internacionais também são isentos, mas aqui é importante deixar claro que a empresa que o controla o caixa eletrônico pode cobrar um valor por saque. Isso é muito comum em saques realizados em outros países.
Tem cobrança de R$ 4,99 referente à avaliação emergencial de crédito (processo que avalia a possibilidade de autorizar pagamentos quando o limite do cartão é atingido). Não é um valor ruim: em muitos cartões essa tarifa passa facilmente dos R$ 15.
Um detalhe importante é que o Digio não oferece crédito rotativo. Isso significa que você não poderá optar por pagar apenas uma parte da fatura e jogar o restante para o mês seguinte com acréscimo de juros e impostos.
Se você não puder pagar integralmente a fatura, terá a opção de recorrer a uma das propostas de parcelamento oferecidas pelo Banco CBSS. Nesse caso, há cobrança de 7,90% de juros ao mês. Não é um valor alto na comparação com cartões tradicionais do mercado, mas se você não aceitar uma das opções de parcelamento em até seis dias após a data de vencimento da fatura, os juros sobem para 10,99% ao mês. Como sempre, é bom ter muito cuidado para não se endividar.
Vale ressaltar ainda que, assim como no Nubank, não há programa de fidelidade (pontuação) e emissão de cartão adicional (para dependentes). A taxa de dólar é o PTAX acrescido de 4%.
Será que vale a pena?
Se você está procurando uma opção de cartão de crédito descomplicada e, tanto quanto possível, livre de tarifas, o Digio pode valer a pena, sim. Mas, na comparação com o Nubank, parece não haver grandes vantagens, exceto se você preferir a bandeira Visa.
A falta de crédito rotativo é uma deficiência importante (é sempre bom evitar essa modalidade, mas em uma situação emergencial ela pode ser útil) e, no quesito atendimento ao usuário (importantíssimo em um cartão controlado digitalmente), o Nubank se mostra mais ágil, pelo menos nesta fase inicial.
Fora isso, o Nubank pode ser controlado via site (e não apenas por app), não cobra taxa de avaliação emergencial, oferece aplicativo para quem usa Windows Phone, dá opção de crédito rotativo (os juros variam entre 2,75% e 12% ao mês, dependendo do perfil do cliente) e, embora não tenha programa de pontos, ao menos permite que a pessoa participe do Mastercard Surpreenda (melhor do que nada).
- Veja também: como usar o cartão de crédito com segurança
Por conta disso, entendo que o Digio é uma opção para quem não consegue ter um Nubank ou, como já dito, faz questão de possuir um cartão de crédito internacional com bandeira Visa.
Mas as coisas podem melhorar, é claro. A Digio surgiu no final de julho (2016). Pode ser que, ao longo dos meses, o serviço evolua ao ponto de se tornar bem mais atraente. Fiquemos de olho.
Emerson Alecrim
Autor: Emerson Alecrim
Graduado em ciência da computação, tem experiência profissional em TI e produz conteúdo sobre tecnologia desde 2001.
É especializado em temas como hardware, sistema operacionais, dispositivos móveis, internet e negócios.
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